Médicos, enfermeiros e profissionais da rede pública de saúde da região do Alto Juruá participaram de um curso de capacitação voltado ao atendimento de vítimas de acidentes com animais peçonhentos, como serpentes, escorpiões e aranhas. O treinamento foi promovido pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre) e contou com o apoio da Universidade Federal do Acre (Ufac).
A capacitação, realizada em Cruzeiro do Sul, teve duração de dois dias e abordou tanto conteúdo teórico quanto prático, incluindo estudo de casos e interação com os participantes.
Segundo Lúcia Montebello, consultora técnica do Ministério da Saúde, a ação é essencial para fortalecer a assistência oportuna e qualificada na região amazônica, onde esse tipo de acidente ocorre com frequência.
“Queremos garantir que haja atendimento assertivo e oportuna istração de medicamentos, especialmente para populações indígenas, ribeirinhas e trabalhadores rurais”, afirmou.
O professor Paulo Bernardi, da Ufac – Campus Floresta, que também participou da formação, reforçou a importância do curso diante da realidade local:
“Muitas pessoas são picadas por cobras na região. Estamos no final do período invernoso, quando aumentam os nascimentos de filhotes de jararacas, por isso é uma época crítica”, explicou.
“Mesmo com o ao soro, ainda ocorrem óbitos. Por isso, é fundamental procurar o hospital imediatamente e evitar métodos caseiros, como torniquetes ou tratamentos alternativos”, orientou.
De acordo com José da Conceição Guimarães, médico veterinário do Núcleo de Zoonoses da Sesacre, o treinamento também reforça a importância da correta distribuição e uso do soro antiofídico:
“Este ano já registramos óbitos por picadas de serpente em Cruzeiro do Sul e Tarauacá. O soro está disponível em hospitais estratégicos como os de Feijó, Jordão, Rodrigues Alves, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo e em comunidades indígenas.”
Estima-se que entre 120 e 140 casos de picadas por serpentes são registrados anualmente na região do Juruá, sendo a maioria atendida na UPA ou no Hospital Regional do Juruá, onde há disponibilidade do soro adequado.
O objetivo da capacitação é reduzir ainda mais o número de complicações e mortes, capacitando os profissionais para identificar rapidamente os casos e aplicar o tratamento correto. A iniciativa também reforça a importância da vigilância e da prevenção para populações que vivem em áreas de risco.
Redação Juruá24horas